06 janeiro 2009

Transtorno bipolar da bolsa

Houve um tempo em que os homens perdiam suas fortunas em jogos de azar e em corridas de cavalo. Hoje, muitos olham para essas tentativas de enriquecer com desdém, afinal, como poderia alguém com a cabeça no lugar achar que conseguiria quebrar a banca ou acertar sempre o azarão - se a vantagem natural fosse dos apostadores, simplesmente não haveria cassino, ou jóquei clube.

Nos nossos dias, a roleta gira em outro cassino. Muito embora existam centenas de teorias, de metodologias - análise gráfica, fundamentalista, etc. - que procuram dar uma racionalidade científica a todo esse capitalismo de cassino, parece que seria mais interessante recorrer à psicoterapia do que às análises econômicas para entender a dinâmica do mercado. Dias de euforia se seguem de dias de depressão. Basta ver o desempenho da Bovespa no ano passado: no mesmo ano em que o índice iBovespa quebrou um recorde histórico ao superar os 70.000 pontos, a bolsa apresentou a maior perda num ano desde 1972 (salvo engano).

Tudo bem, houve uma crise. Mas até a eclosão dessa crise, ninguém quis acreditar no seu poder destrutivo, ninguém quis deixar o estado de euforia. Quando apareceram os primeiros sinais da gravidade da crise, o mundo entra em depressão. Ninguém quer perder nada, o medo impera. Nada mais do que um comportamento humano, do cidadão médio do capitalismo mundial. E assim será, até que o mundo esteja entregue a essa jogatina, achando que está apoiado em seguras bases científicas. Pobre humanidade, que não enxerga o limite das suas ciências!

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